Muitas mulheres se preocupam com o odor da vagina. Na maioria dos casos, o cheiro natural feminino é controlado com banho, fazendo a higiene com água e sabonete neutro. Já o mau cheiro causados por infecções, como candidíase, ou mesmo por outros vírus e bactérias que provocam até corrimentos vaginais devem ser tratados combatendo a causa.
Mas nas farmácias não faltam produtos de higiene vaginal, das mais variadas marcas, que prometem desde um perfume agradável na região púbica até um controle do pH da flora vaginal, prevenindo doenças causadas por fungos.
“A grande vantagem do sabonete íntimo é ter um pH que se aproxima mais do pH natural da pele da vulva. Por ser um detergente fraco, limpa a pele sem deixá-la desidratada”, orienta a médica ginecologista Cristina Carneiro.
Mas o que significa pH da flora vaginal?
Assim como a pele e o intestino, a vagina da mulher apresenta um pH específico. A chamada flora vaginal é levemente ácida e se desenvolve na parte íntima interna, onde há a penetração peniana.
“Nesta região há a presença de micro-organismos, que vivem em harmonia e auxiliam no equilíbrio da saúde vaginal. Um pH entre 3,8 e 4,5 é fator de proteção contra agentes infecciosos”, explica o médico ginecologista Fernando Asanuma, da clínica Gineskop.
Mitos e verdades sobre sabonetes íntimos
Equilibram a flora vaginal. MITO.
Os ditos sabonetes íntimos comercializados em farmácia, e até em supermercados, apresentam pH semelhante ao da flora vaginal. “Mas eles não tem o papel de fazer equilibrar a flora vaginal, e sim, de evitar um fator a mais para desequilibrá-lo, que propiciaria a proliferação de micro-organismos nocivos”, explica o o Dr. Asanuma.
Mascaram sintomas de infecção. VERDADE.
Nas infecções o pH da flora vaginal se altera, provocando coceiras e mau odor. Como os sabonetes íntimos têm o pH semelhante ao da vagina, a mulher pode deixar de sentir os sintomas, apenas porque o produto de higiene íntima concedeu um pH normal de forma artificial. Passada algumas horas após a lavagem da região, os sintomas voltam a se manifestar.
Sabonete íntimo é melhor que sabonete comum. MITO.
A manutenção do equilíbrio vaginal é fundamental. E o que as mulheres devem fazer para mantê-los assim? Uma vida saudável, sem preocupações exageradas com a higiene íntima. O médico ginecologista da clínica Gineskop recomenda que as mulheres sejam básicas, lavando a vagina diariamente e usando água e sabão.
Lavar a vagina por dentro é bom. MITO.
Os produtos íntimos de higiene vaginal devem ser usado no máximo uma vez ao dia e só na parte de fora, ou seja, grandes e pequenos lábios. “Nunca deve-se lavar a vagina internamente, pois isso altera a flora natural, facilitando a surgimento de infecções”, ressalta a médica Cristina Carneiro. “Jamais faça a famosa duchinha vaginal, ou seja, lavar lá dentro!”, reforça o Dr. Fernando Asanuma.
Excesso de limpeza da vagina faz mal
Outros fatores também podem alterar o pH natural da vagina, orientam os médicos. Situações de estresse, assim como doenças como gripe ou mesmo o uso de antibióticos, podem alterar a imunidade e deixar o sistema de defesa local debilitado. Então, é preciso ter cuidado com o uso excessivo dos sabonetes vaginais.
“A limpeza em demasia pode remover os micro-organismos ‘bonzinhos’ (defesas naturais contra doenças). O uso de protetores diários, desodorantes vaginais, roupas sintéticas e apertadas podem modificar a temperatura e umidade intima, modificando o pH vaginal”, ressalta o Dr. Asanuma.
Texto publicado no site Revista da Mulher. Entrevista com o Dr. Fernando Y. Asanuma.