A cirurgia robótica nada mais é do que uma cirurgia realizada por uma técnica diferente, mais avançada, na qual o robô é o instrumento que auxilia o médico cirurgião. Ela pode ser uma grande aliada em diversos quadros. E sim: cirurgia robótica para endometriose é um realidade possível.
Mas você pode se questionar: “Doutor, agora é o robô que vai me operar?” A resposta é NÃO!!
O robô cirúrgico dispõe de quatro braços. Em um deles portamos a câmera e nos outros três dispomos dos instrumentos cirúrgicos: pinças, tesouras e bisturi. Até aqui parece bem semelhante com a videolaparoscopia.
Recentemente, fui convidado para apresentar uma palestra com o tema acima no Hospital 9 de Julho. Estes questionamentos foram bem comuns entre pacientes, colegas da área de saúde e até médicos. Por isto, a seguir, vou detalhar, ilustrando como funciona uma cirurgia robótica e listarei algumas vantagens e desvantagens em relação à videolaparoscopia:
O médico realiza a cirurgia a partir de uma mesa de controle. O profissional é guiado por imagens fornecidas pela câmera.
A movimentação dos instrumentos se faz pelo manuseio de dedais delicados. À medida em que move as mãos e os dedos, o robô reproduz seus movimentos dentro do corpo do paciente.
Vantagens da cirurgia robótica
- Visão: a estabilidade da câmera (ótica) aliada à qualidade em HD (high definition) e com visão 3D (3 dimensões), traz imagens com maior sensação de profundidade e realismo.
- Precisão: a firmeza das pinças cirúrgicas conferem maior destreza em relação à videolaparoscopia. A sutileza e amplitude dos movimentos possibilitam maior dinâmica e precisão na identificação dos “planos anatômicos”, tão fundamentais na cirurgia robótica para endometriose profunda infiltrativa, por exemplo.
- Ergonomia: na cirurgia para tratamento de endometriose infiltrativa, em média, o médico cirurgião permanece em pé, durante três a quatro horas, olhando para o monitor. A posição do cirurgião na robótica é: sentado, braços apoiados, mais relaxado. Ou seja, traz benefícios de ergonomia para o médico, refletindo consequentemente na cirurgia.
- Segurança: importante lembrar que assim como a cirurgia laparoscópica, a robótica também é uma cirurgia minimamente invasiva. Ambas propiciam os seguintes benefícios para a paciente:
- Menor perda sanguínea durante a cirurgia
- Menores taxas de infecção
- Menor dor no pós-operatório, com necessidade de menos remédios
- Recuperação mais rápida, com retorno às atividades habituais mais tranquilamente
- Melhor estética, com menores incisões na pele (cortes de 0,5 cm à 1,0 cm)
Mas como diz a expressão, “nem tudo são flores”…
Desvantagens do procedimento
- Em alguns casos, as cicatrizes podem ser menos estéticas devido o posicionamento dos braços do robô e o biotipo de cada paciente.
- O custo ainda é um obstáculo que está sendo superado. No Brasil, este tipo de cirurgia ainda não é coberta pelos planos de saúde. No entanto, os valores estão cada vez mais acessíveis.
- O tempo cirúrgico ainda é maior que na cirurgia aberta convencional. Porém, rapidez não significa melhor qualidade. Devido à amplificação da imagem e delicadeza dos movimentos, a cirurgia minimamente invasiva é a técnica cirúrgica de eleição no tratamento da endometriose, seja a superficial ou profunda.
Estes são os “X”s da questão! Como toda novidade que surge, esta tecnologia também foi alvo de elogios e críticas. Agora passa por um momento de melhor compreensão de seu papel no tratamento não só em casos de endometriose, como também na oncocirurgia. Existem indicações e contra-indicações, assim como no caso da videolaparoscopia.
Do mesmo modo que a videolaparoscopia teve um período para aceitação pela sociedade médica, pelos planos de saúde e até pelos pacientes, em breve a cirurgia robótica vai conquistar seu espaço. Isso deve ocorrer paralelamente aos avanços tecnológicos.