Endometriose e câncer: a doença pode evoluir? Qual é a chance? Qual tipo de câncer?
Essas dúvidas são muito comuns. Afinal, a possibilidade de associação destas duas doenças causa arrepios em nossas pacientes com endometriose. Mas como o principal remédio para preocupação é a informação, a missão da nossa equipe é esclarecer!
Mas o que é a endometriose?
Para início de conversa, vamos falar sobre a endometriose. É uma doença crônica benigna que pode acompanhar a mulher por toda uma vida. Ela é formada por células endometriais, que compõem a camada interna do útero. Por uma combinação de razões ainda não completamente esclarecidas, incluindo fatores genéticos e relacionados à menstruação, as células endometriais migram do útero para diversos locais, como:
- O tecido que reveste internamente o abdome (peritônio)
- A superfície dos ovários, tubas, intestino e bexiga
- A corrente sanguínea, viajando por ela e atingindo órgãos distantes, o que é bastante raro
Como “maus vizinhos”, essas células se fixam no novo tecido, multiplicam-se, invadem e podem destruir as células que originalmente estavam lá.
Elas produzem substâncias tóxicas que causam inflamação, e por esse motivo podem provocar diversos efeitos. Por exemplo:
- Irritação nos nervos, o que leva à dor característica
- Destruição da anatomia das tubas e morte de óvulos, levando à infertilidade
- Invasão à parede do intestino, causando dificuldades para evacuar
Endometriose e câncer: esses quadros podem evoluir?
Pela semelhança com o comportamento de células de câncer, pesquisadores começaram a estudar se a endometriose poderia se transformar em uma doença maligna.
O que estudos encontraram como resposta foi: sim, endometriose e câncer podem estar interligados, mas, felizmente, as chances de evolução são bem pequenas.
O tipo de câncer associado é o de ovário, incluindo apenas dois subtipos específicos, que já são raros nas estatísticas do câncer ovariano: endometrioide e células claras. A chance de uma paciente desenvolver câncer de ovário ao longo da vida é de 1,4%, normalmente o subtipo seroso.
Considerando apenas os subtipos associados à endometriose, essa chance cai para 0,6% para uma mulher comum. Se ela tiver endometriose, a chance volta a aumentar para 1%. Ou seja, uma chance realmente pequena.
Importante destacar que os subtipos de câncer de ovário associados à endometriose apresentam um comportamento bem menos agressivo. São considerados de baixo grau e apresentam melhores chances de cura. Além disso acometem pacientes em uma idade um pouco mais jovem (50 a 60 anos), que o câncer de ovário usual (60 a 70 anos).
Como evitar?
Como a chance de haver câncer em casos de endometriose é realmente pequena, do ponto de vista médico não existe consenso para a tomada de nenhuma conduta radical, como retirada de tubas ou ovários. Essas medidas não causam impacto na redução do risco do câncer. O único cuidado recomendado é a retirada de cistos de endometrios grandes (endometriomas) que existam nos ovários ou que persistam após a menopausa.
A mensagem importante é: se você tem endometriose busque um profissional especializado e atualizado, em que você confie. Ele pode propor o melhor tratamento e acompanhar periodicamente a doença. Essa é a melhor forma de prevenção que você pode proporcionar ao seu corpo.