Como escrevi anteriormente sobre endometriose, o desejo de engravidar é um grande divisor de águas na escolha do tratamento da mulher com mioma! Outros fatores importantes são: menstruação aumentada, localização e tamanho dos nódulos.
Tipos de mioma
Dividimos os miomas de forma didática em três tipos, a depender de sua localização no útero: submucoso, intramural e subseroso:
- Submucoso: que aparecem no interior do útero e provocam sangramento menstrual mais aumentado com “bolotas” de sangue, cólicas bem incômodas. Associado fortemente com infertilidade;
- Subseroso: que surgem na parte externa do útero. Ah, este mioma normalmente não traz quase nenhum sintoma e nem repercussão na tentativa de ter filhos. Lógico, tem alguns bem grandes que merecem ser retirados. Mas grande quanto? Apesar de não ter um valor exato, acima de 5,0cm já inspira uma atenção especial.
- Intramural: que se desenvolve no meio da parede uterina, podendo causar alteração da menstruação em “x” quantidade, e “x” intensidade de cólicas abdominais. Associado em “x” com dificuldade para engravidar (depende do tamanho).
Mas por que do “x”? Aí está o “x”da questão!
O mioma intramural não é tão simples. Ele pode se comportar como um nódulo intramural com componente submucoso; pode ter um tamanho avantajado e comprometer apenas a porção intramural; ou ainda, ter um crescimento para fora do útero e ser subseroso também.
Aqui está o grande desafio: o que fazer?!
Nesta situação é que vocês se deparam com a realidade: “cada médico diz uma coisa”! Mas existem regras sim! O desafio a que me refiro é a dificuldade técnica cirúrgica ou a resposta do mioma ao tratamento.
Opções de tratamento
1) Medicamentoso: promovendo alívio do sangramento e cólicas menstruais, principalmente nos submucosos e intramurais maiores. Obs: Lembrando que não damos anticoncepcionais para diminuir os miomas. Para esta finalidade, há outras opções, porém de forma temporária apenas!
2) Cirúrgico: menstruação aumentada, dificuldade para engravidar, tamanhos aumentados e/ou grande quantidade. Há alguns tipos de tratamento cirúrgico:
a) Histeroscopia: realizada apenas nos casos de localização submucosa, com o grande cuidado de sabermos a medida do manto externo (distância da camada mais externa do útero) em miomas grandes.
b) Laparoscopia ou robótica: principalmente nos intramurais de grande tamanho que possam estar associados a dificuldade de engravidar e/ou aqueles subserosos muito grandes e com velocidade de crescimento rápido. Podemos nesta modalidade, naquelas mulheres que desejam engravidar, apenas retirar o mioma; ou então, naquelas que não querem ter filhos, a indicação é retirada do útero.
c) Laparotomia: alguns miomas são tão grandes e/ou ainda a dificuldade técnica da localização e risco de sangramento podem ser grandes impeditivos da cirurgia minimamente invasiva.
3) Outros
a) Embolização ou HIFU (High Intensity Focused Ultrasound): tem se apresentado como alternativa, principalmente em casos de múltiplos miomas, tamanho muito aumentado e desejo reprodutivo , entretanto, carece ainda de comprovação de maiores benefícios em relação à cirurgia de miomectomia.
Acompanhamento
Lembrando: acompanhe sempre de perto com seu ginecologista! Seja anualmente ou semestralmente. Realize ultrassom para verificar o crescimento deste mioma! Ficou na dúvida, solicite uma segunda opinião!
Eu tenho visto no dia a dia, e operado cada vez mais pacientes com útero grandes a gigantes – volume de 550cc, 730cc e até acima 1.000cc! Não sofram à toa… Em meus artigos, gosto de trazer as falas das pacientes para ilustrar melhor as angústias de vocês: “cada médico diz uma coisa…”.
A mudança de posicionamento das mulheres nos dias atuais, tem desafiado, e muito, a vida de nós, ginecologistas! Com o adiamento do desejo de ter filhos, privilegiando o sucesso profissional, vocês têm desejado engravidar cada vez mais tarde, beirando os 35 anos. E, às vezes, “esquecemos” de avisar os miomas, endometrioses, adenomioses, óvulos para aguardarem também!