Quem recebe a notícia de que precisará passar operação de endometriose logo pensa: minha amiga do trabalho ficou cinco dias internada… Minha tia teve que tirar o útero… A vizinha foi para casa com a sonda na bexiga… O outro médico disse que vou ficar com a “bolsinha”… Será que vou conseguir engravidar? E agora?
Muita calma nesta hora! Temos que avaliar cada caso, pois cada paciente tem um tipo de doença e comprometimento da mesma. A depender dos sintomas, idade e desejo de gestação, a abordagem será de uma determinada forma.
Lembrem-se: não são todas as mulheres que terão que operar o útero. Apenas algumas pacientes terão que retirar um pedaço do intestino, sendo que destas, muito poucas ficarão com a “bolsinha” de colostomia. O médico tem que tomar muito cuidado quando opera o ovário, pois pode diminuir e muito a chance de engravidar. O objetivo da cirurgia é trazer qualidade de vida, sempre!
Entendendo a operação de endometriose
Atualmente, a cirurgia ideal é aquela realizada pela técnica minimamente invasiva. Temos, portanto, a conceituada cirurgia videolaparoscópica. Atualmente, tem se desenvolvido cada vez mais a cirurgia robótica (poucos centros em São Paulo tem este equipamento e poucos convênios cobrem este tipo de cirurgia).
A videolaparoscopia para tratamento de endometriose:
- Anestesia: sempre será realizada a anestesia geral, na qual a paciente fica “dormindo”. O médico anestesista administra os medicamentos pela veia e controla os parâmetros de respiração e coração da paciente naqueles monitores que vemos nas novelas e filmes – sim, não se assuste! É colocada uma cânula pela boca, que leva oxigênio para os pulmões.
- Cortes: comumente é realizado um corte de 1,0cm no umbigo, por onde colocamos uma cânula e a câmera é introduzida. Injetamos gás na barriga (o CO2, aquele mesmo da expiração) para visualizarmos os órgãos da barriga. Depois fazemos mais três cortinhos de 0,5cm (não confundam, é somente meio centimetro mesmo) mais ou menos na altura da calcinha (distribuídos à direita, à esquerda e no meio), por onde introduzimos outras cânulas, e teremos as pinças para a realização da cirurgia. No final, são realizados um ou dois pontos na pele em cada corte.
Por estes motivos é chamada de minimamente invasiva, trazendo uma recuperação mais rápida e com menos dor.
Na questão da técnica cirúrgica, traz aumento e proximidade maior do órgão a ser operado, com consequente maior precisão e qualidade da cirurgia. Devemos desfazer as aderências decorrentes da endometriose, tentar retirar ao máximo todos os focos sugestivos da doença, principalmente naqueles locais dos quais a paciente se queixa mais. Por exemplo, dor para ter relação sexual, incômodo para evacuar ou urinar, cólica menstrual forte, além da queixa de dificuldade para engravidar.
Como já explicado em outro artigo, a operação de endometriose necessita de muito treinamento e habilidade cirúrgica. Trata-se de uma doença peculiar, com técnica operatória única, mais difícil às vezes que um câncer. Portanto, cuidado: sempre procure um médico especializado e habilitado neste tipo de cirurgia!
Como é o pós-operatório?
E aqui vão algumas informações pós-operatórias:
- Alimentação: não há muita restrição pós-cirurgia
- Internação: na maioria das vezes, o retorno para casa é em 1 dia
- Trabalho e dirigir carro: normalmente, após uma semana
- Atividade física: a depender, de duas a quatro semanas após a cirurgia
E não se esqueçam, cada paciente responde de uma forma à cirurgia. Algumas tem uma recuperação mais tranquila e outras um pouco mais dolorida. Porém, o benefício de ter uma vida com mais qualidade, compensa a iniciativa!