Entrando no clima do mês de conscientização do câncer de mama, com o outubro rosa, vamos falar sobre a preservação de fertilidade em pacientes com câncer.
O diagnóstico de câncer é considerado um dos mais penosos na vida de uma pessoa. E uma questão comum que surge para os pacientes em idade fértil é: “poderei ter filhos após minha recuperação?”. A preservação de fertilidade em pacientes câncer visa possibilitar a chance de ter a fertilidade restabelecida e, consequentemente, realizar o sonho de ter filhos.
Após um tratamento oncológico, a fertilidade pode ser comprometida em aproximadamente 90% dos casos. O quadro também pode ser permanente ou temporária, dependendo das doses e tipos de quimioterápicos usados, assim como a radioterapia utilizada e local da irradiação, dos tipos de câncer, idade do paciente, entre outros faotres. Mas essa realidade é possível, mesmo após o uso de radioterápicos e/ou quimioterápicos, sem que isso retarde ou prejudique o tratamento do com câncer.
Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia afetam a função ovariana e testicular, já que agridem as células germinativas presentes nos ovários e testículos, responsáveis pela produção de óvulos e espermatozóides. Na mulher, os tratamentos podem levar a uma menopausa precoce devido ao esgotamento ovariano. Logo, o ideal seria fazer um tratamento de preservação de fertilidade em pacientes com câncer antes do inicio do tratamento especifico para a doença.
Técnicas disponíveis
Hoje em dia, as técnicas existentes são:
- Congelamento de sêmen: Para os homens após a puberdade, o tratamento é muito simples, pois a coleta de sêmen é realizada por masturbação, congelando-se ao redor de três amostras, o que nos dá uma excelente reserva. Muitas amostras podem ser colhidas e congeladas em poucos dias. O sêmen pode ser mantido congelado por tempo indeterminado.
- Congelamento de óvulos: o procedimento leva de 10 a 15 dias, não dependendo do ciclo menstrual, e envolve a estimulação ovariana, coleta dos óvulos e congelamento dos mesmos. Assim como o sêmen, os óvulos também podem ser preservados por tempo indeterminado. Bem indicado para mulheres solteiras. A vantagem em relação ao congelamento de embriões é que são células únicas que podem ser descartadas a qualquer momento, sem a necessidade de tempo de espera ou autorização do parceiro.
- Congelamento de embriões: as primeiras etapas desse processo são semelhantes ao congelamento de óvulos. Porém, os óvulos obtidos serão fertilizados pela técnica de fertilização in vitro a fim de obter embriões viáveis, que serão então congelados para uma gestação futura. Nesse caso, a paciente precisa ter um parceiro.
- Supressão ovariana: utiliza medicamentos (análogos do GnRH) para suprimir a função ovariana, ou seja, deixa o ovário em repouso (bloqueia a produção hormonal e a ovulação), diminuindo os efeitos das medicações quimioterápicas no ovário. Tem eficácia controversa.
- Congelamento de tecido ovariano: técnica pela qual fragmentos de tecido ovariano são retirados cirurgicamente (habitualmente por videolaparoscopia) e, após a cura do câncer, são reimplantados. Ainda é considerada uma técnica experimental e é indicada para crianças ou em casos onde não há tempo para uma estimulação ovariana.
Se você conhece alguém nessa situação, alerte-a sobre essa possibilidade!
Dra. Ana Paula Aquino
Médica ginecologista
Especialista em Reprodução Humana, membro da Clínica Huntington.
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13 de August de 2017